O tema
relevante das migrações é tratado em um projeto gráfico cuidadoso. Especial
atenção às ilustrações, que nos enlevam através de inúmeras metáforas ao
universo da protagonista, uma criança.
Em
poucas cores, as imagens significativas da narrativa: a guerra como sombras e
mãos sem faces, que arruínam famílias e cidades “de areia”; a urgência forçando
os personagens à frente para fora das páginas; as dimensões de elementos que se
alteram, assustadoramente, conforme o contexto; o medo tomando forma.
Baseada em histórias reais coletadas pela autora/ilustradora, desde os relatos de jovens refugiados, apresenta um narrador criança buscando aproximação com o leitor. Texto e imagem se complementam em realidades e sonhos, temores e esperanças. Da mesma forma, o escuro e o claro se alternam marcando ritmos, como o respirar. Os personagens vão se despojando de coisas e do mundo conhecido rumo ao que é estrangeiro, incerto.
Em
metalinguagem, as histórias contadas dentro da história dão coragem aos
migrantes, numa bela alusão ao poder da palavra. Seja dito de passagem, que
linda e singela a relação entre as migrações de pássaros e os refugiados de
guerra aos olhos de uma criança, que também deixam tudo para trás em busca de
lugares mais amistosos e cálidos. Uma busca muitas vezes sem fim, como esta
história, onde faltam soluções globais para a situação dos refugiados.
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